quinta-feira, 15 de abril de 2010

Cuidado com o "Dr Google"























Cerca de 61% dos americanos procuram informações sobre saúde na internet. A informação preocupante é que 60% destas pessoas relatam que estes conselhos impactaram suas decisões em relação à saúde. Quarenta e dois por cento relatam que foram ajudados por conselhos médicos e que apenas 3% foram prejudicados pelas informações.

Obter informação nunca é demais, entretanto na internet não há uma forma de separar informações errôneas. Assim, a preocupação maior é que o leigo não tem a capacidade de diferenciar uma informação correta de outra errada. O segundo e principal equívoco pode estar relacionado à má interpretação da informação.

Um exemplo que ilustra a presença de informações equivocadas foi o artigo publicado, no jornal médico denominado American Journal of infection Control 2010 Apr;38(3):182-82010, demonstrou informações equivocadas relacionadas ao uso de antibióticos publicados no Twitter. Em 1000 avaliações, cerca de 687 dos tweets haviam informações errôneas relacionadas ao uso de antibióticos como a associação de gripe e antibiótico.




A gripe é uma infecção viral, portanto não se utiliza antibióticos.


Exemplo de mau uso.

Vamos imaginar um paciente de 24 anos que apresente ínguas no pescoço, febre de 39º.C e dor de garganta há 3 dias.

Assim é digitado no site da Google “dor de garganta”, pois provavelmente é o sintoma que mais incomoda o paciente. O site correlaciona este termo com aproximadamente 624.000 links. Hipoteticamente ele clica em um dos sites da primeira página e lá há a informação que a mononucleose é uma doença que se apresenta com febre, amigdalite purulenta, aumento dos linfonodos no pescoço, aumento do baço, perda de peso, cansaço extremo e sinais de hepatite. Assim, ele entende que pode estar com Mononucleose e resolve ler sobre o tratamento. Portanto é digitado “Tratamento Mononucleose”. Novamente, inúmeros links surgem, cerca de 99.000 resultados. Ao clicar em um a dois links, nota que há um “consenso” entre os sites dizendo que a Mononucleose não tem tratamento específico sendo orientado repouso e uso de sintomáticos, ou seja, medicamentos para aliviar a febre e dor. Ele resolve acreditar nesta leitura e compra medicação analgésica ficando em repouso em casa. Embora na maioria dos sites sérios esteja escrito que o conteúdo escrito não substitui a avaliação e prescrição médica.


É preciso entender o perigo das informações utilizadas de forma errônea. Embora as informações contidas nos sites sejam verdadeiras em relação à apresentação dos sintomas de Mononucleose e sobre seu tratamento. Isto não significa que este paciente hipotético tenha o diagnóstico de Mononucleose, embora esta seja uma das possibilidades diagnósticas.

Este "paciente" com esta postura pode evoluir sem intercorrências, como pode evoluir com sérias complicações perante a postura de substituir links e informações pela avaliação médica.

Nada substitui a entrevista médica, o exame físico médico e o raciocínio clínico, porque durante a avaliação há inúmeras informações não ditas pelo paciente que o médico consegue observar conforme sua experiência clínica, como por exemplo: palidez, apatia, temperatura da mão do paciente ao cumprimentá-lo, forma como anda, senta, deita e respira.

Portanto, deixo claro que não sou contrário ao leigo (pacientes e acompanhantes) ler as informações contidas nos sites de informação médica, pois acho que o médico não deve sentir-se incomodado ao ser questionado pelo seu diagnóstico ou conduta realizada por informações que o paciente obteve na internet. Sou sim, extremamente, preocupado nas situações em que o paciente substitui estas informações pelo ato médico, simplesmente definido pela avaliação e conduta médica.



O vídeo a seguir basea-se no texto escrito por Rubem Alves, escritor e ator, que narra com sabedoria a importância do ato médico perante a presença do doente e sua família.






Dr. Marcelo Bellesso

Um comentário:

  1. Dr. Marcelo,
    Eu o conheço do HC - Hospital Dia e fiquei muito
    feliz com as informaões aqui obtidas; acho que são muito úteis. Eu mesma faço pesquisa pois estou com Linfoma N/Hod...
    Exatamente por ter aprendido a conhecê-lo e confiar no senhor é que levo em grande consideração estas informações. Obrigada e continue...
    Agradeço Maria José (MJP - P/MIN)

    ResponderExcluir