"Qual é a minha chance de cura?"
Esta é a pergunta mais comum frente ao diagnóstico de Linfoma não-Hodgkin, ou de outros tumores.
Nos dicionários o ato de curar,no contexto médico, tem vários significados: sarar, restabelecer a saúde, debelar a doença entre outros. A minha interpretação quando o paciente pergunta se será curado, o que de fato quer saber é se após o tratamento a doença desaparecerá e nunca mais voltará, ou seja, erradicar o tumor. Confesso que esta é uma das perguntas mais difíceis de responder.
É importante para o leigo saber, que na medicina atual, principalmente na hematologia, a escolha do tratamento geralmente é feita através de evidências científicas, ou seja, resultados de pesquisas científicas que testam medicamentos em doentes com características específicas. Na prática clínica, o exercício do médico é estudar para encontrar uma pesquisa em que o seu paciente seja semelhante, ou que apresente características parecidas ao grupo de doentes estudados e assim, definir o tratamento através das taxas de eficácias.
Estas pesquisas científicas não utilizam o termo cura quando estudam protocolos de tratamentos e os comparam. As pesquisas clínicas utilizam outros parâmetros para definir a eficiácia. Estes parâmetros foram definidos por “experts” da área, que definiram os critérios e com isto uma pesquisa feita nos EUA, pode ser reproduzida no Brasil ou qualquer parte do mundo, pois os conceitos sobre a eficácia são iguais.
Portanto é importante para o leigo entender estes conceitos de eficácia, no Linfoma não-Hodgkin:
Resposta Completa é a situação em que o paciente apresenta-se assintomático, com normalização dos marcadores tumorais e o desaparecimento das tumorações encontradas previamente nas tomografias e agora pelo PET.
Progressão: crescimento das tumorações ou surgimento de novos tumores.
Sobrevida Livre de Progressão: tempo definido entre o início do tratamento sem que o paciente faleça ou apresente progressão da doença pelo tratamento escolhido.
Sobrevida livre de eventos: utilizado apenas para os pacientes que apresentam resposta ao tratamento, assim é o tempo da resposta sem recaída e sem evolução ao óbito.
Sobrevida Global: tempo definido entre o início do tratamento sem que o paciente faleça.
Portanto, pergunte ao seu médico sobre estas taxas. Ele poderá responder de acordo com suas características clínicas e laboratoriais encontradas no momento do diagnóstico.
Portanto, pergunte ao seu médico sobre estas taxas. Ele poderá responder de acordo com suas características clínicas e laboratoriais encontradas no momento do diagnóstico.
Isto é o máximo que conseguimos passar para o paciente, quando surge a pergunta: qual é a minha chance de “cura”?
Com este texto tento demonstrar que o conceito cura é muito abrangente e extremamente difícil de ser reproduzido.
Dr. Marcelo Bellesso
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