quarta-feira, 28 de abril de 2010

Leucemia Linfóide Crônica - LLC

A leucemia linfóide crônica (LLC) é a leucemia mais comum corresponde cerca de 30% de todas as leucemias. A LLC tem um comportamento insidioso, ou seja, lento na maioria dos casos.

Acomete geralmente idosos acima dos 60anos. Cerca de 30% dos casos tem idade inferior a 55 anos.

Estima-se a incidência de 2 a 6 casos/ 100.000 habitantes.

Em relação aos sintomas...

Aproximadamente 50% dos pacientes no momento do diagnóstico encontram-se assintomáticos. Nestes casos a suspeita é feita através de exames laboratoriais de rotina, hemograma.

Quando sintomático o paciente pode apresentar:
- ínguas (aumento no tamanho dos gânglios linfáticos).
- desconforto no quadrante superior esquerdo do abdome, decorrente do aumento do baço.
- febre.
- suor excessivo.
- emagrecimento sem causa definida.
- fraqueza, cansaço, apatia.

Quando se suspeita de Leucemia Linfóide Crônica?

1- Nos adultos, sem sinais e sintomas de infecção, aumento absoluto na contagem de linfócitos superior a 5000/mm3 (exame de hemograma).

A figura ilustra a imagem obtida do microscópio do sangue de um paciente com LLC.

2- Presença de fraqueza, ínguas, febre, suor excessivo e emagrecimento.

A confirmação diagnóstica pode ser feita com exame de sangue, chamado imunofenotipagem, ou biópsia da íngua (linfonodo aumentado). Pode ser complementado com mielograma, biópsia de medula óssea e cariótipo.

A decisão terapêutica varia de acordo com ausência ou presença de sintomas e exames complementares.

O espectro de ação médica varia entre a observação clínica sem tratamento medicamentoso, uso de quimioterapia e imuno-quimioterapia.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Pesquisa Clínica - Como é elaborado um novo tratamento?

O paciente em tratamento com quimioterapia com certeza já foi beneficiado por inúmeros dados produzidos por pesquisas clínicas prévias. A pesquisa clínica, também chamada de ensaio clínico, é elaborada para analisar e determinar se uma nova forma de tratamento é segura e eficaz, exatamente nesta seqüência.

Importância

Os ensaios clínicos são atualmente fundamentais para a aprovação de um novo tratamento pelos órgãos de vigilância.

É importante ressaltar que a maioria dos tratamentos consagrados e utilizados na prática clínica foram amplamente testados e analisados por pesquisas clínicas. Exemplos reais nas doenças hematológicas: uso antibióticos de amplo espectro nas complicações infecciosas após tratamento quimioterápico, Glivec ® na Leucemia Mielóide Crônica, protocolo R-CHOP para os Linfomas Difuso de Grandes Células B, protocolo ABVD para Doença de Hodgkin, Transplante de Medula Óssea em pacientes jovens com Mieloma Múltiplo, entre outros.

Interesse do paciente à pesquisa clínica

Embora tenhamos evoluído nos últimos anos, sabemos que os atuais resultados dos tratamentos ainda são insatisfatórios. Justificando assim, o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas através de pesquisas clínicas.

As pesquisas clínicas oferecem aos pacientes novos tratamentos que ainda não estão em circulação predispondo melhores resultados, como também possíveis efeitos colaterais.

Estas informações são importantes para você discutir com seu médico qual o nível de validação científica o tratamento proposto foi avaliado, como também se você é candidato a ser voluntário de pesquisa clínica, que tipo de pesquisa você irá participar

Fases para aprovação de um novo tratamento

Geralmente, para um tratamento ser aprovado na prática clínica é preciso aprovação de várias etapas. A imensa maioria das novas drogas não passam nas fases iniciais e portanto não atingem a prática médica.

O racional para a aprovação final é evidenciar se primeiramente a droga é segura, ou seja, com efeitos colaterais toleráveis e em segundo lugar se é eficaz. Não adianta ser aprovado drogas eficazes se seus efeitos colaterais são intensos.

Fase pré-Clínica

Antes de testar novos medicamentos em seres humanos, os cientista analisam novas drogas em animais de experimentação. Esta fase tem como principal objetivo analisar como a nova droga se comporta no organismo.


Fase Clínica

Fase I

Os estudos clínicos fase I necessitam da participação de voluntários em pequeno número (cerca de no máximo 20 pacientes) e tem como objetivo analisar os efeitos colaterais do novo medicamento ou da nova combinação de drogas.

Fase II

Estes estudos clínicos fase II precisam da participação entre 20 a 80 voluntários e tem como objetivo analisar os efeitos colaterais e eficácia.

Fase III

Os estudos fase III são os mais importantes na prática clínica, pois tem como objetivo analisar a eficácia de um novo tratamento e compara-lo com o tratamento padrão. Assim imaginamos uma doença em que o tratamento XYZ é definido como padrão atual. Este tratamento padrão XYZ é comparado com um novo tratamento ABCD que foi aprovado em estudos pré-clínicos, Fase I e Fase II mostrando ser tolerável e eficaz ao tratamento.

É necessário para este tipo de estudo um número maior de pacientes entre 100 a 1000. Geralmente estes estudos são composto por vários centros de pesquisas.

Os voluntários, pacientes, são distribuídos de forma aleatória entre o tratamento XYZ e o ABCD de forma homogênea para que estes grupos sejam comparáveis. Assim, os pacientes do grupo tratamento padrão (XYZ) são comparados ao tratamento experimental (ABCD) de acordo com os desfechos: Resposta Completa, Progressão da doença, Sobrevida livre de progressão e Sobrevida Global (leia as definições na postagem “em relação aos Linfomas não-Hodgkin ... o que significa cura?). http://hemo-blog.blogspot.com/2010/04/em-relacao-aos-linfoma-nao-hodgkin-o.html




Fase IV

São estudos observacionais de vigilância para encontrar efeitos colaterais raros.

A figura abaixo ilustra as etapas principais da pesquisa clínica


domingo, 25 de abril de 2010

Entendendo a importância da pesquisa clínica – questões éticas.

A pesquisa clínica está em franca expansão no Brasil. Devido a esta evolução haverá situações em que o paciente provavelmente será convidado a participar de pesquisas clínicas e o intuito deste texto é explicar os principais pontos éticos da pesquisa clínica para o leigo.

Ética

Em conseqüências dos Processos de Guerra em Nuremberg, após a II Guerra Mundial foi estabelecido princípio éticos que reagem a pesquisa com seres humanos - Código de Nuremberg de 1947.



1. O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial. Isso significa que a pessoa envolvida deve ser legalmente capacitada para dar o seu consentimento; tal pessoa deve exercer o seu direito livre de escolha, sem intervenção de qualquer desses elementos: força, fraude, mentira, coação, astúcia ou outra forma de restrição ou coerção posterior; e deve ter conhecimento e compreensão suficientes do assunto em questão para tomar sua decisão. Esse último aspecto requer que sejam explicadas à pessoa a natureza, duração e propósito do experimento; os métodos que o conduzirão; as incoveniências e riscos esperados; os eventuais efeitos que o experimento possa ter sobre a saúde do participante. O dever e a responsabilidade de garantir a qualidade do consentimento recaem sobre o pesquisador que inicia, dirige ou gerencia o experimento. São deveres e responsabilidades que não podem ser delegados a outrem impunemente.


2. O experiemento deve ser tal que produza resultados vantajosos para a sociedade, os quais não possam ser buscados por outros métodos de estudo, e não devem ser feitos casuística e desnecessariamente.


3. O experimento deve ser baseado em resultados de em resultados de experimentação animal e no conhecimento da evolução da doença ou outros problemas em estudo, e os resultados conehcidos previamente devem justificar a experimentação.


4. O experimento deve ser conduzido de maneira a evitar todo o sofrimento e danos desnecessários, físicos ou mentais.


5. Nenhum experimento deve ser conduzido quando existirem razões para acreditar numa possível morte ou invalidez permanente; exceto, talvez, no caso de o próprio médico pesquisador se submeter ao experimento.


6. O grau de risco aceitável deve ser limitado pela importância humanitária do problema que o pesquisador se propõe resolver.


7. Devem ser tomados cuidados especiais para proteger o participante do experimento de qualquer possibilidade, mesmo remota, de dano, invalidez ou morte.


8. O experimento deve ser conduzido apenas por pessoas cientificamente qualificadas. Deve ser exigido o maior grau possível de cuidado e habilidade, em todos os estágios, daqueles que conduzem e gerenciam o experimento.


9. Durante o curso do experimento, o participante deve ter plena liberdade de se retirar, caso ele sinta que há posibilidade de algum dano com a sua continuidade.


10. Durante o curso do experimento, o pesquisador deve estar preparado para suspender os procedimentos em qualquer estágio, se ele tiver razoáveis motivos para acreditar que a continuação do experimento causará provável dano, invalidez ou morte para o participante.

Em 1964 foi elaborada a Declaração de Helsinque para complementar o código de Nuremberg. Essa declaração foi revisada 6 vezes sendo a última em outubro de 2008.


Os principais básicos são:


1. A pesquisa clínica deve adaptar-se aos princípios morais e científicos que justificam a pesquisa médica e deve ser baseada em experiências de laboratório e com animais ou em outros fatos cientificamente determinados.


2. A pesquisa clínica deve ser conduzida somente por pessoas cientificamente qualificadas e sob a supervisão de alguém medicamente qualificado.


3. A pesquisa não pode ser legitimamente desenvolvida, a menos que a importância do objetivo seja proporcional ao risco inerente à pessoa exposta.


4. Todo projeto de pesquisa clínica deve ser precedido de cuidadosa avaliação dos riscos inerentes, em comparação aos benefícios previsíveis para a pessoa exposta ou para outros.


5. Precaução especial deve ser tomada pelo médico ao realizar a pesquisa clínica na qual a personalidade da pessoa exposta é passível de ser alterada pelas drogas ou pelo procedimento experimental.


Portanto ao entender esta introdução, está claro que para participar das pesquisas clínicas é fundamental que o voluntário entenda que a decisão de consentir sua participação em uma pesquisa clínica é única e exclusiva do paciente. Só o paciente, adulto no caso, pode consentir a participar da pesquisa e ninguém mais, exceto em casos pediátricos (em que o maior responsável pelo paciente pode consentir).

Entendo que os principais pontos na decisão do paciente em aceitar ou não passa pelo bom entendimento do TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, documento aprovado pelo Comitê de Ética Médica da Instituição de pesquisa. Este documento precisa conter uma linguagem leiga e precisa apresentar claramente os seguintes tópicos:

1- objetivos da pesquisa
2- potenciais efeitos colaterais
3- potenciais benefícios
4- seguimento e monitorização dos efeitos colaterais e respostas.
5- responsabilidades do paciente.
6- responsabilidades da a da equipe médica.
7- responsabilidades do patrocinador.
8- consentimento para autorizar a passagem de dados da pesquisa .
9- explicar ao paciente que é livre para decisão para entrar na pesquisa como sair a qualquer momento que assim desejar.



Como fazer uma boa leitura do TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO?

1- Leia e releia atentamente todo o documento.
2- Leve um cópia para sua casa e discuta item a item os pontos do termo com a sua família e outras pessoas que você confia.
3- Ao encontrar dúvidas no texto anote-as e leve ao médico da pesquisa, antes da assinatura. Só assine após compreender e consentir todas as questões.


O paciente só participa da pesquisa, após ler, tirar as dúvidas e consentir livremente assinando o TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.

Só após a assinatura deste documento o paciente poderá colher exames e receber medicações experimentais.

O projeto de pesquisa clínica precisar ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Em alguns casos pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e quando envolve novos medicamentos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

sábado, 24 de abril de 2010

PET


A sigla PET é uma sigla da língua inglesa que significa “positron emission tomography”, ou seja, tomografia por emissão de pósitron. O PET é um exame que consiste na leitura da captação da fluordeoxiglicose (FDG). Na teoria como o linfoma e outros tumores são sedentos à glicose, quando o FDG é injetado há forte captação dos sítios tumorais que estão em atividade e estes são captados por tomografia.


Assim, o PET diferente da tomografia convencional capta a viabilidade do linfoma e não suas alterações estruturais. Uma das grandes vantagens do PET comparado à tomografia convencional é diferenciar massas residuais que podem ser áreas mortas ou cicatriciais no local onde havia tumor.


Por exemplo, quando o paciente é tratado e no final do tratamento a tomografia demonstra resquícios da tumoração inicial surge a dúvida: será que a massa que restou é cicatricial ou ainda há doença?


O PET é um excelente método para responder esta pergunta. Neste caso o PET não captando a lesão encontrada na tomografia, provavelmente significa resposta completa, portanto compreendido que o resquício encontrado na tomografia é tecido morto ou cicatricial.

O PET ganhou sua importância no estadiamento do Linfoma difuso de Grandes Células B e na avaliação da resposta, isto se tornou tão importante que os critérios de avaliação de resposta dos Linfomas foram revisados em 2007 com a implementação na avaliação de resposta o uso do PET, principalmente no contexto de estudos clínicos.


Entretanto, como tudo na medicina, o PET tem suas peculiaridades que merecem ser consideradas. Existe grande variabilidade entre os leitores do PET, ou seja, entre os médicos especialistas que laudam o exame. A taxa de falso-positivo, devido às situações clínicas que também captam o FDG e que não são linfoma, não é desprezível. Assim, infecções, inflamações e aumento da produção celular do timo podem apresentar a leitura do PET positiva, cabe o médico clínico em discussão com o médico radiologista definir a interpretação do caso. Há ocasiões que a dúvida impera e às vezes é necessária a biópsia da lesão para descartar ou confirmar o Linfoma. Outro fator importante deve-se aos casos Linfomas indolentes (exemplo Linfoma Folicular), ainda não há evidência significativa da aplicação do PET.


Não há dúvida que este exame está se incorporando na prática clínica, entretanto é preciso estudar minuciosamente suas peculiaridades para não ocorrer interpretações equivocadas.



Dr. Marcelo Bellesso

Produção das células sanguínea - entendimentos durante a quimioterapia



É importante para o paciente entender a produção das células do sangue, pois compreendendo este fantástico fenômeno diário é possível interpretar inúmeras situações do dia a dia do tratamento quimioterápico que promove toxicidade à medula óssea.

A produção das células sanguíneas ocorre na medula óssea. A medula é encontrada no interior dos ossos chatos principalmente no osso do quadril, vértebras, costelas, esterno, crânio, entre outros que alteram da infância para idade adulta como a tíbia.

Na medula óssea há inúmeras células troncos que tem a capacidade de se diferenciar em qualquer tipo de célula do sangue, como: glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas. A célula tronco, a qual me refiro é a célula tronco hematopoética (sanguínea) e não a célula tronco embrionário resultado da união do espermatozóide e o óvulo.



Estima-se que a produção celular diária é ao redor 50.000.000.000.000 células. Esta taxa altíssima de produção ocorre de forma habitual no nosso organismo sem nenhum estímulo ou estresse, pois a necessidade de reposição celular é muito alta.

As hemácias sobrevivem 100 a 120 dias, portanto é preciso repor cerca de 1% do total de hemácias/ dia.

Os neutrófilos sobrevivem 6 a 8 horas, necessidade de reposição maior que 100%/ dia

Os linfócitos têm taxas de sobrevivência variáveis, assim e este raciocínio linear de reposição celular não se aplica.

As plaquetas sobrevivem 7 dias, necessidade de reposição de aproximadamente 1/7, aproximadamente 14%.


Entendendo esta taxa de reposição celular tão alta e tão variável é possível compreender as variações encontradas no hemograma dia após dia nos pacientes em tratamento quimioterápico, pois a maioria dos protocolos quimioterápicos têm como alvo as células em reprodução celular, no caso os tumores, entretanto a células percussoras do sangue também sofrem. Neste sentindo é fácil raciocinar que a queda do número de neutrófilos é a mais provável.


O gráfico acima ilustra a variação da contagem de neutrófilos de acordo com o protocolo R-CHOP.



As principais funções da produção das células do sangue são:

1- Transportar oxigênio e gás carbônico feito pelas hemácias.





2- Proteger nosso organismo de agentes externos de forma não específica feito pelos leucócitos: neutrófilos, monócitos e macrófagos.



3- Proteger nosso organismo de agentes externos de forma elaborada e específica feito pelos linfócitos T e B.



4- Controle da fluidez e estancamento de sangramentos feito pelas plaquetas.


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Conflitos éticos no seriado da TV "HOUSE" e GREY´S ANATOMY"


Foi publicado na Folha de São Paulo no dia 18/04/2010 um artigo discutindo os aspectos éticos dos seriados “HOUSE” e “GREY´S ANATOMY”. A coluna questiona os problemas éticos evidenciados no artigo escrito por Matthew J Czarny, Ruth R Faden, Jeremy Sugarman, 'Bioethics and professionalism in popular television medical dramas', publicado J Med Ethics 2010;36:203-206.






Os pontos discutidos foram relacionados principalmente em relação à postura médica em relação ao consentimento do paciente perante exames diagnósticos e decisões terapêuticas tomadas geralmente no seriado de forma unilateral sobre aspectos terapêuticos e ausência do esclarecimento em relação aos riscos dos procedimentos.


Compreender que ficção é um história e nada mais deve fazer parte da interpretações dos fãs que assistem esses seriados, entretanto é importante esclarecer que as decisões médicas devem ser tomadas em conjunto com o paciente ou seu representante legal, as decisões não devem ser unilaterais salvo em iminente risco de morte, pois segundo o código de ética médica, o médico é proibido de deixar de obter consentimento do paciente ou do seu representante legal após esclarecê-los sobre o procedimento a ser realizado (artigo 22); desrespeitar o direito do paciente ou do seu representante legal de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas (artigo 31) e deixar de obter do paciente ou do seu representante legal o termo de consentimento livre e esclarecido para a realização de pesquisa envolvendo seres humanos, após devidas explicações sobre a natureza e as conseqüências da pesquisa (artigo 101).


Portanto, médicos e pacientes são parceiros das decisões a serem tomadas tanto em relação aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos.


Dr. Marcelo Bellesso

terça-feira, 20 de abril de 2010

Em relação aos Linfoma não-Hodgkin... o que significa cura?

A indústria farmacêutica, a impressa, médicos e pacientes utilizam a palavra CURA com vários significados diferentes, portanto é preciso falar a mesma língua.

"Qual é a minha chance de cura?"

Esta é a pergunta mais comum frente ao diagnóstico de Linfoma não-Hodgkin, ou de outros tumores.

Nos dicionários o ato de curar,no contexto médico, tem vários significados: sarar, restabelecer a saúde, debelar a doença entre outros. A minha interpretação quando o paciente pergunta se será curado, o que de fato quer saber é se após o tratamento a doença desaparecerá e nunca mais voltará, ou seja, erradicar o tumor. Confesso que esta é uma das perguntas mais difíceis de responder.
É importante para o leigo saber, que na medicina atual, principalmente na hematologia, a escolha do tratamento geralmente é feita através de evidências científicas, ou seja, resultados de pesquisas científicas que testam medicamentos em doentes com características específicas. Na prática clínica, o exercício do médico é estudar para encontrar uma pesquisa em que o seu paciente seja semelhante, ou que apresente características parecidas ao grupo de doentes estudados e assim, definir o tratamento através das taxas de eficácias.

Estas pesquisas científicas não utilizam o termo cura quando estudam protocolos de tratamentos e os comparam. As pesquisas clínicas utilizam outros parâmetros para definir a eficiácia. Estes parâmetros foram definidos por “experts” da área, que definiram os critérios e com isto uma pesquisa feita nos EUA, pode ser reproduzida no Brasil ou qualquer parte do mundo, pois os conceitos sobre a eficácia são iguais.

Portanto é importante para o leigo entender estes conceitos de eficácia, no Linfoma não-Hodgkin:

Resposta Completa é a situação em que o paciente apresenta-se assintomático, com normalização dos marcadores tumorais e o desaparecimento das tumorações encontradas previamente nas tomografias e agora pelo PET.

Progressão: crescimento das tumorações ou surgimento de novos tumores.

Sobrevida Livre de Progressão: tempo definido entre o início do tratamento sem que o paciente faleça ou apresente progressão da doença pelo tratamento escolhido.

Sobrevida livre de eventos: utilizado apenas para os pacientes que apresentam resposta ao tratamento, assim é o tempo da resposta sem recaída e sem evolução ao óbito.

Sobrevida Global: tempo definido entre o início do tratamento sem que o paciente faleça.


Portanto, pergunte ao seu médico sobre estas taxas. Ele poderá responder de acordo com suas características clínicas e laboratoriais encontradas no momento do diagnóstico.
Isto é o máximo que conseguimos passar para o paciente, quando surge a pergunta: qual é a minha chance de “cura”?


Com este texto tento demonstrar que o conceito cura é muito abrangente e extremamente difícil de ser reproduzido.
Dr. Marcelo Bellesso

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Anemia por deficiência de ferro - Anemia ferropriva

É importante algumas definições para entender a anemia ferropriva.

1- Anemia é um conjunto de doenças caracterizada pela diminuição da concentração de hemoglobina.
2- Anemia ferropriva: um tipo de anemia ocasionada pela deficiência de ferro.
3- Deficiência de ferro: diminuição dos estoques de ferro.

Portanto, como o gráfico abaixo demonstra, nem toda anemia é ocasionada pela deficiência de ferro e nem toda deficiência de ferro apresenta-se com anemia.





A deficiência de ferro é a carência nutricional mais comum. Estima-se que a porcentagem de deficiência de Ferro excede 20% a porcentagem da prevalência da Anemia Ferropriva. Assim, em populações que a prevalência da Anemia Ferropriva for 40% quase 100% da população terá anemia ferropriva.

Vide o gráfico da Organização Mundial de Sáude publicado em 2001





A prevalência da Anemia Ferropriva varia de acordo com a faixa etária e sobre o sexo.

A faixa etária mais prevalente é a pediátrica. O sexo mais prevalente é o feminino decorrente das perdas menstruais.

É importante salientar que os sintomas geralmente estão relacionados com o tempo e velocidade da instalação da anemia, quanto maior for o tempo em que uma pessoa está com anemia, menor será a intensidade dos sintomas.


O paciente com anemia ferropriva pode apresentar sintomas gerais de anemia como:

- Fraqueza
- Tontura
- Apatia
- Palidez
- Palpitação
- Falta de ar
- Dor de cabeça

Existem alguns sintomas e sinais mais específicos que podem estar relacionados à deficiência de ferro como:

- fissura no canto da boca






- unha em forma de colher e unhas quebradiças.














- alteração do hábito alimentar, como vontade de mastigar alimentos de consistência sólida, podemos dizer assim: comer gelo, arroz cru entre outros.






O diagnóstico laboratorial da Anemia Ferropriva consiste geralmente em exames simples, pergunte ao seu médico. Entretanto, quando a Anemia Ferropriva é diagnosticada é importante descobrir a causa da deficiência de ferro, uma das principais causas são sangramentos. No caso das mulheres em período fértil a menstruação é um ponto a ser estudado, nos homens e nos idosos é preciso afastar a possibilidade de sangramentos no esôfago, estômago, intestino delgado e grosso. Portanto, questione o seu médico sobre a causa da deficiência de ferro quando for diagnosticada.




Dr. Marcelo Bellesso



domingo, 18 de abril de 2010

Como faço para ser um doador de medula óssea?

Antes de ser um doador de Medula Óssea é importante que você conheça alguns conceitos:


1- REDOME: Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea

2- REREME: Registro Brasileiro de Receptores de Medula Óssea
Então se você quer se tornar um doar de Medula Óssea será registrado no REDOME. Se você é paciente e necessita de um Transplante de Medula Óssea e não tem doadores compatíveis na família o seu médico o registrará no REREME.


A foto ao lado foi realizada com câmera de alta resolução de uma agulha com duas células, "salva-vidas" aspiradas da medula óssea de um doador. (fonte http://www.dteg.org/Howto.php )











Para ser doador de medula óssea é preciso ter idade entre 18 a 55 anos e ser saudável. A doação consiste na apresentação do candidato à doação de medula óssea nos hemocentros cadastrados no REDOME. Nestes hemocentros é feita uma entrevista, que consiste na explicação sobre a inscrição, seleção e doação. Após o consentimento voluntário do doador é colhido apenas 10mL de sangue, através de uma simples coleta, como é feita para qualquer exame rotineiro. Nestes 10mL de sangue colhido será feita a avaliação das características genéticas (HLA) que são fundamentais para análise de compatibilidade, não há custo algum para o doador. Após esta análise, as características genéticas são inseridas em um banco de informações, no qual há constantes cruzamentos de dados para tentar encontrar um doador ideal para um paciente inscrito no REREME.



Caso um doador seja inicialmente compatível com um paciente inscrito no REREME, este será convocado e novamente consultado sobre a doação e colhido novamente amostra para complementação das análises sobre a compatibilidade.


No Brasil, atualmente temos 1.373.897 doadores cadastrados e 130 doentes no REREME


Leia os boletins atualizados









http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=2079


Listas de Hemocentros cadastrados, sempre cheque no site do INCA, pois pode haver novos hemocentros inscritos:


Lista copiada do site no dia 16/04/2010
REGIÃO NORTE
Amazonas
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Amazonas - HEMOAM
Av. Constantino Nery , 4397 - Chapada - Manaus
CEP: 69.055-002
Telefone: (92) 3655-0100
Pará
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará - HEMOPA
Trav. Padre Eutiquio, nº 2109 - Batista Campos - Belém
CEP: 66.033-000
Telefone: (91) 3242-9100 / 6905
Acre
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Acre - HEMOACRE
Av. Getúlio Vargas, nº 2787 - Vila Ivonete - Rio Branco
CEP: 69.914-500
Telefone: (68) 3228-1494
Amapá
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Amapá - HEMOAP
Av. Raimundo Álvares da Costa, s/nº - Centro - Macapá
CEP: 68.908-170
Telefone: (96) 3212-6139 / 3223-6289
Rondônia
Centro de Hematologia e Hemoterapia de Rondônia - HEMERON
Av. Circular II, s/nº - Setor Industrial - Porto Velho
CEP: 78.900-970
Telefone: (69) 3216-5489 / 9957-3000
Tocantins
Centro de Hemoterapia e Hematologia de Tocantins – HEMOTO
Quadra 301 Norte - Conj. 02 Lt.1 - Palmas
CEP: 77.030-010
Telefone: (63) 3218-3285
REGIÃO NORDESTE
Bahia
Centro de Hematologia e Hemoterapia da Bahia - HEMOBA
Av. Vasco da Gama, s/nº Rio Vermelho - Salvador
CEP: 40.240-090
Telefone: (71) 3116-5600 / 3116-5661
Alagoas
Centro de Hematologia e Hemoterapia de Alagoas - HEMOAL
Av. Jorge de Lima, nº 58 - Trapiche da Barra - Maceió
CEP: 57.010-382
Telefone: (82) 3315-2106 / 3315-2102
Sergipe
Centro de Hematologia e Hemoterapia de Sergipe - HEMOSE
Av. Trancredo Neves, s/nº - Centro Adm. Gov. Augusto Franco - Aracaju
CEP: 49.080-470
Telefone: (79) 3259-3191
Paraíba
Centro de Hematologia e Hemoterapia da Paraíba - HEMOÍBA
Av. D. Pedro II, 1119 - Torre - João Pessoa
CEP: 58.013-420
Telefone: (83) 3218-7610
Maranhão
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Maranhão - HEMOMAR
Rua 5 de Janeiro, s/nº - Jordoa - São Luis
CEP: 65.040-450
Telefone: (98) 3216-1100 / 0800-280-6565
Rio Grande do Norte
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Rio Grande do Norte - HEMONORTE
Av. Almirante Alexandrino de Alencar, 1800 - Tirol - Natal
CEP: 59.015-350
Telefone: (84) 3232-6702 / 3232-6767
Fax: (84) 3232-6703
Piauí
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí - HEMOPI
Rua 1º de maio, 235 - Centro - Teresina
CEP: 64.001-430
Telefone: (86) 3221-4927 / 3221- 4989
Fax: (86) 221-7600
Pernambuco
Centro de Hematologia de Pernambuco - HEMOPE
Rua Joaquim Nabuco, 171 – Graças – Recife
CEP: 52.011-900
Telefone: (81) 3416-4723
Ceará
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará - HEMOCE
Av. José Bastos, 3.390 – Rodolfo Teófilo - Fortaleza
CEP: 60.440-261
Telefone: (85) 3101-2296
REGIÃO SUDESTE
Rio de Janeiro
Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti - HEMORIO
Rua Frei Caneca, 8 – Centro – Rio de Janeiro
CEP: 20.211-030
Telefone: (21) 2509-1290
Instituto Nacional de Câncer - INCA
Praça da Cruz Vermelha, 23 – 2º andar – Centro – Rio de Janeiro
CEP: 20.230-130
Telefone: (21) 2506-6580
Espírito Santo
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Espírito Santo - HEMOES
Av. Marechal Campos,1468 - Maruípe - Vitória
CEP: 29.040-090
Telefone: (27) 3137-2458 / 3137-2463 / 2438
Hemocentro Regional de São Mateus
Av. Otovarino Duarte Santos, km. 2, s/nº - Parque Washington – São Mateus
CEP.: 29930-000
Telefone: (27) 3773-7226
Mina Gerais
Fundação HEMOMINAS
Alameda Ezequiel Dias, 321 – Centro – Belo Horizonte
CEP: 30.130-110
Telefone: (31) 3248-4515 / 3248-4516
Hemocentro Regional de Juiz de Fora
Rua Barão de Cataguases, s/nº – Centro
CEP.: 38015-370
Telefone: (32) 3216-3000
São Paulo
Santa Casa de Misericórdia
Rua Marquês de Itu, 579 – Vila Buarque – São Paulo
CEP: 01221-001
Telefone: (11) 2176-7000 / 0800-167-055
Hemocentro Regional de Ribeirão Preto
Rua Tenente Catão Roxo 2501 – Monte Alegre
CEP: 14.051-140
Telefone: (11) 3963-9300
Hemocentro Regional de Marília
Rua Lourival Freire, 240 - Fragata
CEP: 17.519-050
Telefone: (14) 3402-1868 / 3402-1866
Hemocentro Regional de Campinas
Rua Carlos Chagas, 480 – Hemocentro da Unicamp
CEP: 13.083-878
Telefone: (19) 3788-8740
Núcleo de Hemoterapia de Franca
Av. Dr. Hélio Palermo, 4181 – Santa Eugênia
CEP.: 14409-045
Telefone: (16) 3727-3666
Hospital de Câncer de Barretos - Fundação Pio XII

Rua Antenor Duarte Vilela, 1331 - Dr. Paulo Prata
Telefone: (17) 3321-6600
Hemonúcleo Hospital Universitário de Taubaté
Av. Granadiero Guimarães, 270
CEP.: 12020-130
Telefone: (12) 3633-4422 – ramal: 7623 / 7593
Hemocentro São José do Rio Preto
Av. Jamil Feres Kfouri, 80 – Jardim Panorama
Telefone: (17) 3201-5151 / 3201-5078
REGIÃO SUL
Rio Grande do Sul
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Rio Grande do Sul - HEMORGS
Av. Bento Gonçalves nº 3.722 - Partenon - Porto Alegre
CEP: 90650-001
Telefone: (51) 3336-6755 / 3336-2843
Hemocentro Regional de Santa Rosa
Rua: Boa Vista, 401, Centro
CEP.: 98900-000
Telefone: (55) 3511-4343
Santa Catarina
Centro de Hemoterapia e Hematologia de Santa Catarina - HEMOSC
Av. Othon Gama D’eça, 756 Praça D. Pedro I - Centro – Florianópolis
CEP: 88015-240
Telefone: (48) 3251-9711 / 3251-9712 / 3251-9713
HEMOSC Chapecó
Rua São Leopoldo – Quadra 1309 – Esplanada
CEP: 89.811-000
Telefone: (49) 3329-0550
HEMOSC Criciúma
Av. centenário, 1700 – Santa Bárbara
Cep. 88.804-001
Telefone: (48) 3433-6611
HEMOSC Joaçaba
Avenida XV de Novembro, 49 – Centro
Cep. 89.600-000
Telefone: (49) 3522-2811
HEMOSC Joinville
Av. Getúlio Vargas, 198 - anexo ao Hospital Municipal São José
Cep.: 89.202-000
Telefone: (47) 3433-1378
HEMOSC Lages
Rua Felipe Schmidt, 33 – Centro
Cep. 88501-310
telefone: (49) 3222-3922
Posto de Coleta de Tubarão
Rua Rui Barbosa, 339 – anexo a Gerência de Saúde
Fone: (48) 3621-2405
Paraná
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná - HEMEPAR
Travessa João Prosdócimo, 145 – Alto da Quinze - Curitiba
CEP: 80060-220
Telefone: (41) 3281-4000 / 4051
Hemocentro Regional de Cascavel
Rua Avaetés, 370 – Santo Onofre
CEP.: 85806-380
Telefone: (45) 3226-4549
REGIÃO CENTRO-OESTE
Distrito Federal
Fundação Hemocentro de Brasília
Hospital Base - SMHN Quadra 101 - Bloco A - Mezanino
CEP: 70.335-900
Telefone: (61) 3325-5055
Mato Grosso
HEMOMAT Centro de Hemoterapia e Hematologia de Mato Grosso
Rua 13 de junho, nº 1055 – Centro - Cuiabá
CEP: 78.005-100
Telefone: (65) 3321-4578
Mato Grosso do Sul
HEMOSUL Centro de Hemoterapia e Hematologia do Mato Grosso do Sul
Av. Fernando Correia da Costa, nº 1304 – Centro – Campo Grande
CEP: 79.004-310
Telefone: (67) 3312-1500 / 3312-1502
Goiás
Centro de Hemoterapia e Hematologia de Goiás - HEMOG
Av. Anhanguera, 5195 - Setor Coimbra - Goiânia
CEP: 74.535-010
Telefone: (62) 3201-4570 / 3201-4574

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Cuidado com o "Dr Google"























Cerca de 61% dos americanos procuram informações sobre saúde na internet. A informação preocupante é que 60% destas pessoas relatam que estes conselhos impactaram suas decisões em relação à saúde. Quarenta e dois por cento relatam que foram ajudados por conselhos médicos e que apenas 3% foram prejudicados pelas informações.

Obter informação nunca é demais, entretanto na internet não há uma forma de separar informações errôneas. Assim, a preocupação maior é que o leigo não tem a capacidade de diferenciar uma informação correta de outra errada. O segundo e principal equívoco pode estar relacionado à má interpretação da informação.

Um exemplo que ilustra a presença de informações equivocadas foi o artigo publicado, no jornal médico denominado American Journal of infection Control 2010 Apr;38(3):182-82010, demonstrou informações equivocadas relacionadas ao uso de antibióticos publicados no Twitter. Em 1000 avaliações, cerca de 687 dos tweets haviam informações errôneas relacionadas ao uso de antibióticos como a associação de gripe e antibiótico.




A gripe é uma infecção viral, portanto não se utiliza antibióticos.


Exemplo de mau uso.

Vamos imaginar um paciente de 24 anos que apresente ínguas no pescoço, febre de 39º.C e dor de garganta há 3 dias.

Assim é digitado no site da Google “dor de garganta”, pois provavelmente é o sintoma que mais incomoda o paciente. O site correlaciona este termo com aproximadamente 624.000 links. Hipoteticamente ele clica em um dos sites da primeira página e lá há a informação que a mononucleose é uma doença que se apresenta com febre, amigdalite purulenta, aumento dos linfonodos no pescoço, aumento do baço, perda de peso, cansaço extremo e sinais de hepatite. Assim, ele entende que pode estar com Mononucleose e resolve ler sobre o tratamento. Portanto é digitado “Tratamento Mononucleose”. Novamente, inúmeros links surgem, cerca de 99.000 resultados. Ao clicar em um a dois links, nota que há um “consenso” entre os sites dizendo que a Mononucleose não tem tratamento específico sendo orientado repouso e uso de sintomáticos, ou seja, medicamentos para aliviar a febre e dor. Ele resolve acreditar nesta leitura e compra medicação analgésica ficando em repouso em casa. Embora na maioria dos sites sérios esteja escrito que o conteúdo escrito não substitui a avaliação e prescrição médica.


É preciso entender o perigo das informações utilizadas de forma errônea. Embora as informações contidas nos sites sejam verdadeiras em relação à apresentação dos sintomas de Mononucleose e sobre seu tratamento. Isto não significa que este paciente hipotético tenha o diagnóstico de Mononucleose, embora esta seja uma das possibilidades diagnósticas.

Este "paciente" com esta postura pode evoluir sem intercorrências, como pode evoluir com sérias complicações perante a postura de substituir links e informações pela avaliação médica.

Nada substitui a entrevista médica, o exame físico médico e o raciocínio clínico, porque durante a avaliação há inúmeras informações não ditas pelo paciente que o médico consegue observar conforme sua experiência clínica, como por exemplo: palidez, apatia, temperatura da mão do paciente ao cumprimentá-lo, forma como anda, senta, deita e respira.

Portanto, deixo claro que não sou contrário ao leigo (pacientes e acompanhantes) ler as informações contidas nos sites de informação médica, pois acho que o médico não deve sentir-se incomodado ao ser questionado pelo seu diagnóstico ou conduta realizada por informações que o paciente obteve na internet. Sou sim, extremamente, preocupado nas situações em que o paciente substitui estas informações pelo ato médico, simplesmente definido pela avaliação e conduta médica.



O vídeo a seguir basea-se no texto escrito por Rubem Alves, escritor e ator, que narra com sabedoria a importância do ato médico perante a presença do doente e sua família.






Dr. Marcelo Bellesso

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Como lavar as mãos?

Breve histórico
Ignac Semmelweis, médico húngaro, descobriu em 1847 que a simples higienização das mãos diminuia drasticamente a incidência de infecção pós parto. Esta conclusão partiu da observação de que a taxa de mortalidade entre os partos realizados pelos médicos era três vezes maior comparado aos realizados pelas parteiras, cuja diferença entre eles era devido ao fato das parteiras lavarem as mãos.











Lavar as mãos


Lavar as mãos, de forma correta, é que um dos meios mais eficazes de prevenir a transmissão de bactérias, fungos e vírus. Portanto, o ato de lavar as mãos é fundamental para prevenir infecções como a gripe A H1N1, como também para evitar infecções hospitalares e contaminações nos pacientes imunossuprimidos, ou que se encontram em quimioterapia.

Para lavar as mãos é preciso fazer cinco movimentos repetitivos:

- lavar as palmas; o dorso, a borda lateral dos dedos, as unhas, os polegares e os punhos.

Assistam a seguir um vídeo muito didático de como lavar as mãos realizado pelo grupo de TELEMEDICINA DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP. LEMBRE-SE ESTE VÍDEO SERVE PARA PROFISSIONAL DE SAÚDE, COMO TAMBÉM PARA TODAS AS PESSOAS INCLUSIVE PARA O PACIENTE EM QUIMIOTERAPIA EM QUALQUER LOCAL: HOSPITAL, DOMICÍLIO, RESTAURANTES, ETC.





Dr. Marcelo Bellesso

Por que é importante a vacinação contra a gripe H1N1?

Há praticamente poucas formas para evitar a gripe H1N1. Sabe-se que
a vacinação é uma estratégia, que o ano passado não tínhamos.

Em estudo publicado na revista, The New England Journal of Medicine, foi evidenciado que as taxas de formação de anticorpos foram altas ao redor de 95% e que os principais sintomas, efeitos colaterias foram discreta dor na aplicação da vacina e dor de cabeça leve, ou seja, efeitos colaterais toleráveis.









O objetivo deste texto é justificar a importância da vacinação.


Cobertura Vacinal


Foi publicado hoje, dia 14/04/2010, que a cobertura vacinal contra o vírus da gripe H1N1 atingiu 20,4 milhões de brasileiros, segundo as tendências de risco a cobertura atingiu:
1) gestantes 48,7%
2) idosos e doentes crônicos 40%
3) crianças de 6 meses a 2 anos 75,3%
4) profissionais da saúde 97%
5) jovens entre 20 a 29 anos 20,2%

Incidência Brasileira


Segundo o último boletim epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2009 a faixa de maior incidência da doença aconteceu entre crianças ≤ 2 anos, seguido dos adultos jovens entre 20 a 29 anos (Conforme Gráfico 2).





Mortalidade

A média de mortalidade foi de 0,85 para cada 100.000 brasileiros, entretanto nas regiões de maior incidência Sul e Sudeste a mortalidade atingiu respectivamente 2,32 e 1,02/ 100.000hab. Houve 1632 casos, 921 óbitos ocorreram nas pessoas do sexo feminino, sendo que 547 (59%) dos óbitos femininos ocorreram nas pessoas jovens 15 a 49 anos. Outro ponto importante foram as gestantes que representaram 156 óbitos, ou seja, praticamente 17% do total dos óbitos femininos. Em relação às doenças preexistentes (doentes crônicos) os doentes com doenças cardíacas, seguidos dos pacientes respiratórios e metabólicos atingiram maiores taxas de óbitos (Gráfico 6).




Portanto, é preciso aumentar a cobertura vacinal entre os doentes crônicos, gestantes e os jovens entre 20 a 29 anos e para elevar estas taxas é preciso informação e esta é a melhor forma de convencimento.



OBS: pacientes que sofreram Transplante de Medula Óssea, ou que estão em quimioterapia, precisam perguntar aos seus médicos qual é o melhor momento para vacinação.



Dr. Marcelo Bellesso

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Leucemia




O termo Leucemia é extremamente amplo e não define doença de uma forma específica. Leucemia significa sim, um grupo de doenças extremamente diferentes, que estão relacionadas aos glóbulos brancos (leucócitos).



Existem leucemias que se apresentam de forma lenta e gradual permitindo que os leucócitos possam amadurecer tornando-se células diferenciadas (células especializadas), estas leucemias são denominadas como crônicas. Temos basicamente dois tipos de leucemias crônicas, são elas: Leucemia Mielóide Crônica e Leucemia Linfóide Crônica. Outras tipos de leucemias são agressivas, isto é, a instalação clínica é geralmente abrupta. Estas doenças as células não amadurecem e são denominadas de blastos levando a insuficiência da produção da medula óssea promovendo anemia (queda do glóbulos vermelhos), neutropenia e plaquetopenia.


Podemos encontrar neste grupo de Leucemias Agudas: Leucemias Mielódes Agudas, Leucemias Linfóides Agudas e Leucemias Bifenotípicas.


Dr. Marcelo Bellesso

Leucemia Mielóide Crônica - LMC

A Leucemia Mielóide Crônica (LMC) é uma doença da célula tronco do sangue. Em geral tem um comportamento lento e gradual. Sua incidência aumenta com a idade. Não é raro encontrarmos pacientes assintomáticos em que a investigação do diagnóstico se inicia por um hemograma de rotina alterado pelo aumento de leucócitos. Entretanto, podemos encontrar sintomas como: fraqueza, febre, emagrecimento, suor excessivo; no exame físico é comum ao médico encontrar aumento do baço na palpação do abdome.

A LMC apresenta-se em três fases evolutivas: fase crônica, acelerada e blástica.

Na sua forma crônica, forma mais comum do diagnóstico, encontramos aumento do número de leucócitos mielóides em todos os seus estágios de diferenciação: segmentados, bastões, metamielócitos, mielócitos, promielócitos e mieloblastos; na Fase Acelerada e Blástica o paciente apresenta sintomas e são classificadas como tal a partir da porcentagem de blastos, basófilos, tamanho do baço e alterações citognéticas outras.

O diagnóstico da LMC é feito através da realização de mielograma, citogenética (cariótipo) e/ou a pesquisa molecular da fusão dos genes BCR/ABL. A confirmação diagnóstica é feita com a presença do cromossomo Philadelphia caracterizada pela translocação do cromossomo 9 com o 22, t(9;22). É possível também a utilização do exame FISH com sonda específica para t(9;22).






No vídeo acima, falado inglês, é explicado o desenvolvimento da doença através da translocação o cromossomo 9 com o 22. A translocação destes cromossomos em sítios específicos denomina-se o Cromossomo Philadelphia. Além disto o vídeo se compromete a relatar sintomas como: anemia, emagrecimento não explicado, febre e aumento do baço (localizado no andar superior esquerdo do abdome). Em relação ao tratamento entendo que o vídeo não enfoca a principal terapia atual definida como terapia molecular baseada nos inibidores de tirosinoquinases.




Deixo claro que o objetivo destes textos é apenas informar, cabe ao médico que o atende definir a melhor consuta para cada caso, pois nem sempre para certos casos a conduta padrão é a ideal.


Dr. Marcelo Bellesso

domingo, 11 de abril de 2010

Linfoma Não Hodgkin

Linfoma não-Hodgkin



O termo linfoma não-Hodgkin (LNH), de uma forma genérica, significa tumor de linfócitos. Os Linfócitos são um tipo de glóbulos brancos e compreendem os linfócitos do tipo B, T e Natural Killer os quais são produzidos normalmente em nosso organismo.




Os linfócitos normalmente são encontrados em todas as partes do nosso organismo. Devido a esta característica os tumores de linfócitos, linfomas, podem ser encontrados tanto nos gânglios linfáticos, sangue, medula óssea, ou qualquer outro órgão como: estômago, testículos, cérebro, etc.




Através da última classificação da Organização Mundial da Saúde 2008 existem 47 subtipos de LNH.



Entenda de forma sucinta o desenvolvimento do LNH





Devido à grande quantidade de linfomas tão diferentes com tratamentos muito distintos é fundamental que o médico insista no diagnóstico e para isto é muito importante a realização da biópsia do tumor, complementada com exame imunohistoquímico. O exame imunohistoquímico possibilita ao médico patologista classificar de forma adequada a doença.





Os LNH representam cerca de 5% de todos os tipos de câncer e sua incidência aumenta conforme a idade, presença de microorganismos como: HIV, HTLV, Helicobacter pylori, Epstein Barr vírus, pacientes imunossuprimidos crônicos também apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de LNH como os transplantados cardíacos, renais, entre outros.



Cerca de 80% dos LNH são de células B. O LNH mais freqüente entre 30 a 35% dos casos é o Linfoma Difuso de Grandes Células B.




Os LNH podem ser classificados em indolentes e agressivos de acordo com a velocidade da proliferação celular e manifestações dos sintomas.






Sinais e sintomas


Sintomas freqüentes


Um dos sintomas mais freqüente é o aumento do tamanho dos gânglios linfáticos, as ínguas. Eles, os gânglios linfáticos, chamados por nós médicos de linfonodos, estão presentes em todo o corpo no indivíduo saudável. Os gânglios linfáticos fazem parte do sistema linfático e são de fundamental importância para o amadurecimento dos linfócitos e para defesa imunológica em si.







Figura: ilustra o sistema linfático presente em todas as pessoas.


A presença de um ou vários gânglios aumentados pode representar
1- Infecção e/ou inflamação
2-Linfoma
3-Metástase de outros tipos de câncer.
A diferenciação entre esses grupos de doença é exclusivamente medica.
Portanto se você apresenta ínguas procure um médico.
Esta alteração pode ser benigna ou maligna.

Há outros sintomas inespecíficos relacionados ao linfoma como por exemplo:
1-Cansaço
2-Fraqueza
3-Apatia
4-Febre
5-Suor excessivo
6-Emagrecimento sem explicação
7-Inchaço do pescoço e do rosto
8-Falta de ar







Na investigação de um possível linfoma é preciso exames laboratoriais de sangue como também, tomografias, pois existem gânglios linfáticos em certas regiões do nosso organismo que são impossíveis de serem identificados no exame físico.

É praticamente impossível descrever todos os sintomas do linfoma, pois sua apresentação pode ser extremamente heterogênea, dependendo do sítio de acometimento da doença. Assim, apenas descrevi alguns dos sintomas mais freqüentes.

O importante é ressaltar que o LNH pode ser uma doença curável e quanto menor for a extensão da doença, ou seja, quanto mais precoce for o diagnóstico, maior a probabilidade de sucesso no tratamento.

Dr. Marcelo Bellesso

sábado, 10 de abril de 2010

Importância dos Neutrófilos

Desculpem a minha insistência em relação aos neutrófilos, mas os vídeos a seguir demonstram claramente a sua importante função através de ensaio in vitro com neutrófilos humanos.

1- Quimotaxia: capacidade de se locomover para um corpo estranho




2- Fagocitose: capacidade de englobar e destruir uma partícula ou microorganismo




Dr. Marcelo Bellesso

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Orientações sobre Higiene

Embora para muitos possa ser óbvio, há muitas pessoas que têm dúvidas em relação à higiene pessoal quando está em quimioterapia. Escrevo abaixo algumas orientações simples em relação à higiene:

1- É necessário banhos diários com sabonetes neutros.
2- Evite ao máximo deixar as unhas compridas.
3- Evite retirar as cutículas.
4- Lave as mãos antes das refeições, após manusear dinheiro, sempre que chegar em casa após manipulação de chaves, corrimão, transporte coletivo. O ideal seria tomar banho toda vez que chegar em casa.
5- Proteja o cateter, caso tenha, conforme a orientação da enfermagem da clínica onde está sendo tratado.
6- Para higiene do ânus: sugiro água corrente e sabonete neutro, ou algodão umidecido, se não possível utilizar papel higiênico sem perfume, branco e macio.
7- Dar descarga com a tampa fechada.
8- Escove os dentes após cada refeição e antes de dormir. Não faça força para escovar os dentes. Nas próteses dentárias, retire faça bochechos com água bicarbonatada e escove a prótese após as refeições.
9- Ande sempre calçado
10- Evite manipular espinhas ou qualquer lesão de pele
11- Evitar contato com terra, fezes e urina de animais.
12- Nos períodos de baixa imunidade, barbear com aparelhos elétricos, caso não seja possível troque as lâminas diariamente.
13- Evite depilações nos períodos de baixa imunidade.
Dr. Marcelo Bellesso

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dieta durante o tratamento quimioterápico


Cuidados com a dieta

A dieta de um paciente que se encontra em quimioterapia necessita ser extremamente bem preparada.

Recomenda-se nos períodos de baixa imunidade, neutropenia, evitar alimentos crus e com casca, principalmente nos locais onde não é garantido o preparo adequado do alimento.
No preparo da alimentação é fundamental:
Frutas e Hortaliças

1- Lavar bem as mãos antes de manipular o alimento.
2- Proteja os alimentos de insetos.
3- Lave a embalagem dos alimentos antes de abrir.
4- Em relação às frutas e vegetais lave com água corrente, no caso das folhas e verduras lave uma de cada vez.
5- Desinfecção: deixe as folhas e frutas imersas na água com cloro (siga as instruções contidas no produto).
6- Ao cortar as frutas, consuma-as imediatamente.
7- Alimente-se de frutas e hortaliças totalmente íntegros, sem alteração da aparência e sem odor adulterado (na dúvida descarte e não prove o alimento suspeito).

Ovos e carnes

1-Cheque sempre a validade do produto antes de comprá-lo e antes de consumi-lo.
2-Descongele a carne de peixe, frango e bovina no microondas, evite descongelar em temperatura ambiente.
3-Evite alimentos moídos e fatiados de origem não confiável.
4-Não deixe este tipo de alimento por mais de 2 horas fora da geladeira.
5-Não congele novamente um alimento descongelado.
6-Evitar carnes mal passadas ou cruas.
7-Consumos ovos cozidos com a clara totalmente endurecida.
8-Evitar maionese.

Enlatados

1- Cheque sempre a validade do produto antes de comprá-lo e antes de consumi-lo.
2- Checar se há alguma alteração da embalagem, integridade, odor, etc.
3- Ferva os alimentos enlatados por até 15 minutos.

Leite e manteiga

1- Utilize leite de caixinha, evite os leites não pauterizados
2- Manteiga: mantenha sempre na mesma embalagem e refrigerada, deixar sem refrigeração o menor tempo possível.
Dr. Marcelo Bellesso

Outros efeitos colaterais mais raros

Há certos tipos de quimioterápicos que podem levar a lesão do coração, fígado e rins. Estes eventos não são freqüentes. Pergunte ao seu médico o risco destes efeitos colaterais.

Dr. Marcelo Bellesso

Dor e Formigamentos (decorrente da quimioterapia)

A neuropatia periférica é uma complicação neurológica sensorial que pode promover dor nas pontas dos dedos das mãos e dos pés, formigamentos nesta região e diminuição da sensibilidade. Pode estar presente na vigência de algumas drogas específicas da quimioterapia. Fique atento em relação a este efeito colateral e avise seu médico.
Dr. Marcelo Bellesso

Constipação intestinal (decorrente da quimioterapia)

A constipação intestinal definida como a diminuição do ritmo intestinal pode ser um efeito colateral decorrente de algumas drogas, pergunte ao seu médico. Fique atento em relação a este efeito colateral e avise seu médico.

Não faça lavagens intestinais e não utilize supositórios sem a autorização do seu médico
Dr. Marcelo Bellesso

Diarréia (decorrente da quimioterapia)

A diarréia, caracterizada por evacuações líquidas de 3 ou mais vezes ao dia, pode estar presente. Geralmente é , decorrente de uma infecção oportunista intestinal ou da presença de mucosite promovendo descamação da mucosa intestinal.
A presença da diarréia depende do protocolo de quimioterapia, do tipo de câncer e do próprio paciente. Pergunte ao seu médico sobre o risco do desenvolvimento deste efeito colateral.
Dr. Marcelo Bellesso

Náuseas e vômitos

A presença de náuseas e vômitos é uma complicação esperada na vigência da infusão, pré ou pós-infusão da quimioterapia. Esta complicação pode ser evitada através da infusão de drogas inibidoras de vômitos. Atualmente, é possível controlar este efeito colateral na grande maioria dos casos.

Embora esse efeito colateral seja comum, depende do protocolo de quimioterapia, do tipo de câncer e do próprio paciente. Pergunte ao seu médico sobre o risco do desenvolvimento deste efeito colateral.
Dr. Marcelo Bellesso

Queda de cabelos

A queda de cabelos, chamado de alopécia, é um dos efeitos colaterais mais visíveis. Afeta psicologicamente o doente, principalmente as mulheres. É muito importante valorizar a presença deste efeito colateral e explicar que nem todos os pacientes irão apresentar esta complicação e caso ela ocorra cerca de 4 a 6 semanas após o tratamento o cabelo volta a crescer.

Embora esse efeito colateral seja comum depende do protocolo de quimioterapia, do tipo de câncer e do próprio paciente. Pergunte ao seu médico sobre o risco do desenvolvimento deste efeito colateral.
Dr. Marcelo Bellesso

Mucosite

A mucosite é o resultado da inflamação das mucosas decorrente da diminuição da produção de células deste tecido. A mucosite tem um amplo espectro de apresentação, geralmente sua presença é de fácil observação através da avaliação da cavidade oral.
Pode apresentar leve desconforto e dor com a presença de vermelhidão das mucosas, como pode apresentar úlceras, placas brancas na cavidade que dificultam a ingestão de alimento sólidos e líquidos.

Esta complicação não é muito freqüente, geralmente é possível ser evitada. A presença da mucosite depende do protocolo de quimioterapia, do tipo de câncer e do próprio paciente. Pergunte ao seu médico sobre o risco do desenvolvimento deste efeito colateral.
Dr. Marcelo Bellesso

Plaquetopenia (decorrente da quimioterapia)


A plaquetopenia é definida com a baixa contagem de plaquetas. A plaqueta é um tipo de célula sanguinea responsável em aderir nos vasos, agregar entre si e liberar substância que modulam a coagulação. Assim, a contagem baixa de plaquetas pode predispor a hemorrágias.

Geralmente, as hemorragias ocasionadas pela baixa contagem de plaquetas promove sangramentos na pele, gengivas, sangramento no nariz, boca e intestinal.
Poucos são os protocolos que desenvolvem este tipo de complicação, geralmente está associado à tratamentos agressivos para leucemias agudas, transplante de medula óssea e protocolos quimioterápicos de resgate (em casos de recidivas ou de progressão da doença).

A presença da plaquetopenia depende do protocolo de quimioterapia, do tipo de câncer e do próprio paciente. Pergunte ao seu médico sobre o risco do desenvolvimento deste efeito colateral.
Dr. Marcelo Bellesso

Anemia (decorrente da quimioterapia)

A anemia é definida pela baixa concentração de hemoglobina, decorrente da baixa produção de glóbulos vermelhos originários da medula óssea, ou por hemorragia, ou até por destruição de glóbulos vermelhos (hemólise), no contexto de um paciente em uso de quimioterapia.

A apresentação dos sintomas decorrentes da anemia varia de acordo com o tempo de instalação deste efeito colateral. Os pacientes com anemia podem apresentar cansaço, dor de cabeça, falta de ar, inchaço nas pernas, dores nas pernas, sonolência, apatia, palpitação entre outros sintomas. Para o diagnóstico é preciso a avaliação médica e laboratorial (hemograma).

A presença da anemia depende do protocolo de quimioterapia, do tipo de câncer e do próprio paciente. Pergunte ao seu médico sobre o risco do desenvolvimento da anemia.
Dr. Marcelo Bellesso

Neutropenia Febril

A Neutropenia febril é definida quando o paciente apresenta no mesmo momento contagem de neutrófilos ≤ 1000/mm3 e febre, temperatura ≥ 37,8º.C . Esta combinação, no contexto de um paciente em uso de quimioterapia é caracterizada como emergência clínica.








Portanto, na combinação destes dois fatores é preciso que o paciente procure o seu médico o mais rápido possível, caso não consiga contato procure o serviço de emergência recomendado pelo seu médico.



A presença de neutropenia febril depende do protocolo de quimioterapia, do tipo de câncer e do próprio paciente. Pergunte ao seu médico sobre o risco do desenvolvimento de neutropenia febril.




Obs: leia os comentários contido no tópico neutropenia.
Dr. Marcelo Bellesso

terça-feira, 6 de abril de 2010

Neutropenia (decorrente da quimioterapia)



A Neutropenia significa queda na contagem do número de neutrófilos ≤ 1000/mm3. Estas importantes células são um tipo de leucócitos (glóbulo branco), responsável pela primeira linha de defesa. Sabe-se que quanto menor a contagem de neutrófilos, maior o risco de infecção e quanto maior for o período da neutropenia, maior o risco de infecção.

Veja neste vídeo a importante função dos neutrófilos:




Neste vídeo é demonstrada a capacidade do neutrófilo sair do vaso sanguineo e atingir o sítio de infecção ou inflamação. Isto se chama Diapedese.
A contagem de neutrófilos é feita através de um simples hemograma.

A presença de neutropenia depende do protocolo de quimioterapia, do tipo de câncer e do próprio paciente. Pergunte ao seu médico sobre o risco do desenvolvimento de neutropenia.

O gráfico abaixo demonstra a evolução da contagem de neutrófilos de uma paciente com Linfoma Não-Hodgkin com o protocolo de quimioterapia R-CHOP em três ciclos de quimioterapia com intervalos de 21 dias. Notem que ao redor do 10º. dia após aplicação da quimioterapia há acentuada queda de neutrófilos, tornando-se um período crítico para infecção.

Portanto, principalmente no período de neutropenia ≤ 1000/mm3, ou em qualquer outro período durante o tratamento quimioterápico.

Caso você apresente:

Febre: temperatura axilar ≥ 37,8º.C
Tremores ou calafrios
Tosse, falta de ar
Queda do estado geral
Qualquer alteração na pele
Diarréia
Ou qualquer outro sintoma


AVISE O SEU MÉDICO E CASO NÃO CONSIGA ENCONTRÁ-LO PROCURE O PRONTO-SOCORRO O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL.




A linha azul representa a contagem de neutrófilos da paciente.
A linha vermelha a contagem de risco 1000/mm3.
D1: é o primeiro dia do Ciclo, por volta do D10, ou seja 10º. dia após aplicação de quimioterapia a paciente apresentou menor contagem de neutrófilos.


Efeitos Colaterais


As interpretações e dúvidas referentes às informações contidas nestes textos devem ser esclarecidas pelo profissional que o atende, ou seja, se você é um acompanhante, cuidador ou paciente que se encontra, ou se encontrará em tratamento quimioterápico tire suas dúvidas com o SEU MÉDICO, pois só ele de acordo com a doença e protocolo quimioterápico poderá ajustar estas informações ao seu caso específico.


Efeitos colaterais


1- Neutropenia
2- Neutropenia Febril
3- Anemia
4- Plaquetopenia
5- Mucosites
6- Queda de Cabelo
7- Náuseas e vômitos
8- Diarréia
9- Obstipação
10- Dor e formigamentos
11- Outros eventos colaterais raros

Dr. Marcelo Bellesso

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Breve História da Quimioterapia

História da quimioterapia

Inicialmente, a quimioterapia que conhecemos hoje foi desenvolvida na década de 40 a 50 do século XX, após segunda guerra mundial, através do uso da arma química conhecida como gás mostarda.

O gás mostarda foi desenvolvido por M. Depretz em 1822. Foi utilizado pela primeira vez como arma química na I Guerra Mundial pelo exército Alemão contra os Ingleses.

O gás disperso na forma de aerossol tem como propriedades promover lesões na pele, irritação nos olhos e na época da guerra tinha como objetivo deixar os soldados incapacitados para o combate.

Dois farmacêuticos Louis S Goodman e Alfred Gilman ao investigarem pessoas expostas à mostarda nitrogenada notaram diminuição na contagem de leucócitos, como também em autópsias de pessoas expostas ao gás mostarda notaram importante diminuição das células da medula óssea e dos órgãos linfóides.
Como a medula óssea é um tecido que apresenta alta taxa proliferação celular, formularam a hipótese que o gás mostarda poderia ser utilizado para o tratamento de câncer.

Elaboraram o experimento com modelo animal, camundongos de laboratórios, injetando mostarda nitrogenada nos animais com linfoma. Assim, constataram reduções dos tumores.

O segundo passo foi preciso a colaboração do cirurgião torácico Gustav Linskog que injetou a droga em pacientes com Linfoma não-Hodgkin, demonstrando redução na dimensão dos tumores dos pacientes.
Portanto a quimioterapia iniciou através da observação de um de seus efeitos colaterais mais importantes, ou seja, a diminuição da produção da medula óssea promovendo como conseqüências:

1.Queda de glóbulos vermelhos (anemia)
2.Queda de glóbulos brancos (predisposição para infecções)
3.Diminuição da contagem de plaquetas (risco de sangramentos)

Em 1965 houve grande avançado no tratamento oncológico porque James Holland, Emil Freireich e Emil Frei elaboraram a hipótese de que a quimioterapia deveria seguir a estratégia de tratamento antibiótico para tuberculose com combinações de drogas, cada um com um mecanismo de ação diferente.

Com a estratégia da poliquimioterapia houve avanço em relação às taxas de resposta ao tratamento, entretanto os efeitos colaterais ocasionados pelo tratamento foram e continuam sendo pontos importantes para o sucesso do tratamento.

Dr. Marcelo Bellesso